COLETÂNEA DE PRECES ESPÍRITAS
Os Espíritos hão dito
sempre: “A forma nada vale, o pensamento é tudo.
Ore, pois, cada um segundo
suas convicções e da maneira que mais o toque.
Um bom pensamento vale
mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração.”
Os Espíritos jamais
prescreveram qualquer fórmula absoluta de preces.
Quando dão alguma, é
apenas para fixar as ideias e, sobretudo, para chamar a atenção sobre certos
princípios da Doutrina Espírita.
Fazem-no também com o fim
de auxiliar os que sentem embaraço para externar suas ideias, pois alguns há
que não acreditariam ter orado realmente, desde que não formulassem seus pensamentos.
....
O objetivo da prece
consiste em elevar nossa alma a Deus; a diversidade das fórmulas nenhuma
diferença deve criar entre os que nele creem, nem, ainda menos, entre os
adeptos do Espiritismo, porquanto Deus as aceita todas quando sinceras.
....
O Espiritismo reconhece
como boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração, e não de
lábios somente.
Nenhuma impõe, nem reprova
nenhuma.
Deus, segundo ele, é
sumamente grande para repelir a voz que lhe suplica ou lhe entoa louvores,
porque o faz de um modo, e não de outro.
Quem quer que lance
anátema às preces que não estejam no seu formulário provará que desconhece a
grandeza de Deus.
Crer que Deus se atenha a
uma fórmula é emprestar-lhe a pequenez e as paixões da Humanidade.
Condição essencial à
prece, segundo Paulo, é que seja inteligível, a fim de que nos possa falar ao
espírito.
Para isso, não basta seja
dita numa língua que aquele que ora compreenda.
Há preces em língua vulgar
que não dizem ao pensamento muito mais do que se fossem proferidas em língua
estrangeira, e que, por isso mesmo, não chegam ao coração.
As raras ideias que elas
contêm ficam, as mais das vezes, abafadas pela superabundância das palavras e
pelo misticismo da linguagem.
A qualidade principal da
prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de
epítetos, que são meros adornos de lentejoulas.
Cada palavra deve ter
alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa
palavra: deve fazer refletir.
Somente sob essa condição
pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo, não passa de ruído.
Entretanto, notai com que
ar distraído e com que volubilidade elas são ditas na maioria dos casos.
Veem-se lábios a mover-se;
mas, pela expressão da fisionomia, pelo som mesmo da voz, verifica-se que ali
apenas há um ato maquinal, puramente exterior, ao qual se conserva indiferente
a alma.
COLETÂNEA DE PRECES
ESPÍRITAS – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – ITEM 1 - ALLAN KARDEC -
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