Existem pessoas para as quais nada sai bem e que um mau gênio parece perseguir em todas as suas ações; não está aí o que podemos chamar de fatalidade?
– É uma fatalidade, se quiserdes chamar assim, mas é decorrente da escolha que essa pessoa fez para a presente existência, porque há pessoas que quiseram ser provadas por uma vida de decepção, para exercitar sua paciência e sua resignação.
Não acrediteis, entretanto, que essa fatalidade seja absoluta; muitas vezes é o resultado do falso caminho que tomaram e que nada têm a ver com sua inteligência e suas aptidões.
Aquele que deseja atravessar um rio a nado sem saber nadar tem grande probabilidade de se afogar; assim é com a maioria dos acontecimentos da vida.
Se o homem somente empreendesse coisas compatíveis e de acordo com suas capacidades, quase sempre teria êxito.
O que faz com que se perca é seu amor-próprio e sua ambição, que o fazem sair de seu caminho e o induzem a considerar como vocação o desejo de satisfazer certas paixões.
Ele fracassa e é por sua culpa; mas, em vez de admiti-la espontaneamente, prefere acusar sua estrela.
Seria melhor ter sido um bom trabalhador e ganho honestamente a vida do que ser um mau poeta e morrer de fome.
Haveria lugar para todos, se cada um soubesse se colocar em seu lugar.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS –ALLAN KARDEC- QUESTÃO 862
Existem pessoas para as quais a sorte é contrária, outras parecem favorecidas, pois tudo lhes sai bem; a que se deve isso?
– Freqüentemente porque elas sabem orientar-se melhor; mas isso pode ser também um gênero de prova.
O sucesso as embriaga; elas confiam em seu destino e freqüentemente acabam pagando mais tarde esses mesmos sucessos com cruéis revezes, que poderiam ter evitado com a prudência.
Como explicar a sorte que favorece certas pessoas nas circunstâncias em que nem a vontade nem a inteligência interferem? O jogo, por exemplo?
– Alguns Espíritos escolheram antecipadamente certas espécies de prazer; a sorte que os favorece é uma tentação.
Quem ganha como homem perde como Espírito; é uma prova para seu orgulho e sua cobiça.
A fatalidade que parece marcar os destinos materiais de nossa vida seria, também, o efeito de nosso livre-arbítrio?
– Vós mesmos escolhestes vossa prova; quanto mais for rude e melhor a suportardes, mais vos elevareis.
Aqueles que passam a vida na abundância e na felicidade humana são Espíritos fracos, que permanecem estacionários.
Assim, o número de desafortunados ultrapassa em muito o dos felizes neste mundo, já que os Espíritos procuram, na maior parte, a prova que será mais proveitosa.
Eles vêm muito bem a futilidade de vossas grandezas e prazeres.
Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre inquieta, apesar da ausência da dor.
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