Amar
aos nossos adversários, desde o presente, ofertando-lhes o coração, em forma de
tolerância e trabalho, devotamento e ternura é a fórmula exata para a solução
dos grandes problemas que tantas vezes, por invigilância e leviandade,
endereçamos, lamentavelmente ao futuro.
Lembremo-nos
de que ainda ontem, acalentávamos antipatias e desafetos, cultivando o ódio à
feição de serpe no seio.
Recordemos
que semelhantes laços de treva algemavam-nos o espírito às largas sendas
inferiores, impondo-nos reencarnações difíceis e angustiosas, nos campos de
purgação da experiência terrestre.
Enleiados
a eles renascemos no mundo e porque se nos retarde o amor, nos testemunhos de
paciência e compreensão, somos constrangidos pela Justiça
Perfeita,
a recebê-los compulsoriamente nas teias da consangüinidade, convertendo-se-nos
o templo familiar em triste reduto de sofrimento.
É
assim que, reinternados na Terra, quase sempre, acolhemos na forma de entes
amados velhos inimigos, que se origem, no santuário doméstico, em nossos
credores intransigentes.
Surgem
por filhos tiranizantes e ingratos, ou parentes invulneráveis ao nosso melhor
carinho, obrigando-nos a mais doloroso acerto, porque estruturado em suor e
pranto, quando o nosso perdão puro e simples conseguiria fundir a bruma
aviltante da crueldade em brisa de esquecimento.
Para
que não estejamos amanhã em lares metamorfoseados em pelourinhos, por força dos
corações queridos que o resgate transforma em verdugos e inquisidores de nossos
dias, saibamos amar, desde hoje, os que nos apedrejam ou firam, atormentem e
caluniem, porque, em verdade, o mal é apenas mal para aqueles que o fazem,
transmutando-se em bem naqueles que o recolhem entre a paz do silencio e a
prece da humildade, por saberem que a Vida é sempre luz de Deus.
Desafetos
– Emmanuel - Do Livro Através Do Tempo De Francisco Cândido Xavier
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