P
– O suicídio é conseqüência de fatores psicológicos em desagregação ou de
influências
espirituais em evolução?
CHICO
XAVIER – Todos sabemos: cada espírito é senhor de seu próprio
mundo
individual.
Quando
perpetramos a deserção voluntária dos nossos deveres, diante das leis
que
nos governam, decerto que imprimimos determinadas deformidades no
corpo
espiritual. Essas deformidades resultam das causas cármicas
estabelecidas
por nós mesmos, pelas quais sempre recebemos de volta os
efeitos
das próprias ações.
Cometido
o suicídio, nessa ou naquela circunstância, geramos lesões e
problemas
psicológicos na própria alma, dificuldades essas que seremos
chamados
a debelar na próxima existência, ou nas próximas existências,
segundo
as possibilidades ao nosso alcance.
Assim,
formamos, com um suicídio, muitas tentações a suicídio no futuro,
porque
em nos reencarnando, carregamos conosco tendências e inclinações,
como
é óbvio, na recapitulação de nossas experiências na Terra.
Quando
falamos “tentações” não nos referimos a esse tipo de tentações que
acreditamos
provir de entidades positivamente infelizes, cristalizadas na
perseguição
às criaturas humanas. Dizemos tentação oriunda de nossa própria
natureza.
Sabemos
que a tentação em si, na verdadeira acepção da palavra, nasce dentro
de
nós. Por isso mesmo poderíamos ilustrar semelhante argumento lembrando
um
prato de milho e um brilhante de alto preço: levado o brilhante de alto
preço
à percepção do cavalo, por exemplo, é certo que o eqüino não
demonstraria
a menor reação; mas em apresentando a ele o prato de milho,
fatalmente
que ele reagirá, desejando absorver a merenda que lhe está sendo
apresentada.
Noutro
ponto de vista, um homem não se interessaria por um prato de milho,
no
entanto se interessaria compreensivelmente pelo brilhante.
Justo
lembrar que a tentação nasce dentro de nós.
Quando
cometemos suicídio, plasmamos causas de sofrimento muito difíceis
de
serem definitivamente extirpadas. Por isso, muitas vezes, os irmãos
suicidas
são repetentes na prova da indução ao suicídio, descendo,
desprevenidos,
à desconsideração para consigo próprios.
Benfeitores
da Vida Maior são unânimes em declarar que, em todas as
ocasiões
nas quais sejamos impulsionados a desertar das experiências a que
Deus
nos destinou na vida terrestre, devemos recorrer à oração, ao trabalho,
aos
métodos de autodefesa e a todos os meios possíveis da reta consciência,
em
auxílio de nossa fortaleza e tranqüilidade, de modo a fugirmos de
semelhante
poço de angústia.
Transcrita
do jornal “A Nova Era”, Franca, SP, 15 de dezembro de 1972, sob o título “Uma
entrevista com Chico Xavier”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário