P
– O senhor sabe quem quando anunciamos que iríamos entrevistá-lo, várias
penitenciárias
do Estado e de outros Estados pediram autorização para que os
aparelhos
ficassem ligados até mais tarde, porque os presidiários gostariam de
ouvi-lo
e vê-lo.
Assim
aconteceu com muitos hospitais, inclusive, com a Santa Casa de
Misericórdia
e vários outros nosocômios.
Enfermos
de toda sorte, mosteiros, casa de freiras, asilos... Em todos esses
lugares
o senhor está sendo visto e ouvido agora. Chegou-nos, igualmente a 51
noticia
de que, em quase uma dezena de detenções, os aparelhos se encontram
ligados,
e os detentos pedindo uma palavra de carinho e de amor.
R
– Isso me surpreende muito porque nada fiz para merecer essas atenções,
nem
tenho possibilidade ou dotes quaisquer para corresponder a tanta
grandeza
de alma. Em razão disso peço permissão aos nossos irmãos
presidiários
e aos caros amigos telespectadores para contar um pequeno
episódio
ocorrido meses atrás: Conheci em Uberaba, uma criança de seis anos
que,
costumeiramente, acompanhava a própria mãezinha à cidade de
Igarapava
e a cidades outras de nossa vizinhança, a procura de trabalho. Esse
menino
que se locomovia com muita dificuldade chamava-se Pedro.
Demorou-se,
perto de nós cerca de dois meses, freqüentando a beneficência da
Comunhão
Espírita Cristã. Certa vez, perguntei-lhe: “Pedro, o que é que você
quer
ser quando for homem feito?” Ele respondeu: “Tio Chico, quando crescer
eu
quero ajudar Deus a pintar as flores!”
Aquilo
me enterneceu muito e eu disse: “então, você vai ser um grande
artista”.No
dia seguinte ao nosso diálogo, um veiculo em disparada atropelou
o
menino. Fui vê-lo, no colo materno, entre a expectativa da morte que se
aproximava
e o enternecimento que o garoto me suscitava ao coração, e
perguntei-lhe:
“Pedro, o que é que você quer agora? O papagaio de papel ou o
carro
de brincar de que você gosta tanto?
Ele
me disse: “Tio Chico, eu quero... eu quero ajudar Deus...” Meu Deus, se
todos
nós andássemos no trânsito respeitando os sinais; se amássemos mais
profundamente
os nossos semelhantes ao guiar as nossas máquinas... Refirome
a
este episódio porque todas as crianças são nossos filhos, em todos os
níveis
sociais. Os Espíritos Benfeitores explicam sempre que as crianças são
esperanças
de Deus, que vieram até nós ajudando a Deus, colorindo por isso
mesmo,
a nossa vida d felicidade e paz.
Com
referência ao assunto, rogo licença para lembrar aos amigos que nos
emprestam
atenção e bondade que nós todos também certas vezes,
desrespeitamos
os sinais vermelhos da lei e conseqüentemente entramos em
grandes
dificuldades, embora ninguém atropele ninguém por querer.
Em
várias ocasiões, achamo-nos sob clima psicológico difícil.
Nossos
irmãos nos presídios, em escolas de tratamento espiritual, são, como
nós,
filhos de Deus.
Jesus,
quando nos recomendou entregar os nossos julgamentos aos juízes, para
que
não venhamos a julgar erradamente uns aos outros, compreendia, decerto
que
geralmente temos, digo isso de mim – determinado grau de periculosidade
e
que, em virtude disso, precisamos de misericórdia de todos.
Todos
estamos presos a circunstâncias, a provações, problemas e lutas.
Quem
de nós não está encerrado em alguma estreiteza, dentro dos nossos
próprios
sonhos e idéias na própria vida humana? 52
Com
todo o nosso coração desejamos aos nossos irmãos, nos presídios, paz e
amor,
muita alegria, esperança, e também muito respeito à justiça, porque a
violência
não ajuda ninguém.
Transcrita
do “Serviço Espírita de Informações” –SEI–Rio de Janeiro
27
de julho de 1974, sob o título “Chico Xavier no Programa Flávio
Cavalcanti”.
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