A conta da vida - Alvorada
Cristã - Francisco Cândido Xavier - Espírito Neio Lúcio
Quando Levindo completou
vinte e um anos, a Mãezinha recebeu-lhe os amigos, festejou a data e solenizou
o acontecimento com grande alegria.
No íntimo, no entanto, a
bondosa senhora estava triste, preocupada.
O filho, até à maioridade,
não tolerava qualquer disciplina. Vivia ociosamente, desperdiçando o tempo e
negando-se ao trabalho. Aprendera as primeiras letras, a preço de muita
dedicação materna, e lutava contra todos os planos de ação digna.
Recusava bons conselhos e
inclinava-se, francamente, para o desfiladeiro do vício.
Nessa noite, todavia, a
abnegada Mãe orou, mais fervorosa, suplicando a Jesus o encaminhasse à elevação
moral. Confiou-o ao Céu, com lágrimas, convencida de que o Mestre Divino lhe
ampararia a vida Jovem.
As orações da devotada
criatura foram ouvidas no Alto, porque Levindo, logo depois de arrebatado pelas
asas do sono, sonhou que era procurado por um mensageiro espiritual, a exibir
largo documento na mão.
Intrigado, o rapaz
perguntou-lhe a que devia a surpresa de semelhante visita.
O emissário fitou nele os
grandes olhos e respondeu:
— Meu amigo, venho trazer-te
a conta dos seres sacrificados, até agora, em teu proveito.
Enquanto o moço arregalava
os olhos de assombro, o mensageiro prosseguia:
— Até hoje, para
sustentar-te a existência, morreram, aproximadamente,
2.000 aves, 10 bovinos, 50
suínos, 20 carneiros e 3.000 peixes diversos.
Nada menos de 60.000 vidas
do reino vegetal foram consumidas pela tua, relacionando-se as do arroz, do
milho, do feijão, do trigo, das várias raízes e legumes.
Em média calculada, bebeste 3.000 litros de leite,
gastaste 7.000 ovos e comeste 10.000 frutas.
Tens explorado fartamente as
famílias de seres do ar e das águas, de galinheiros e estábulos, pocilgas e
redis.
O preço dos teus dias nas
hortas e pomares vale por uma devastação. Além disto, não
relacionamos aqui os
sacrifícios maternos, os recursos e doações de teu pai, os obséquios dos amigos
e as atenções dos vários benfeitores que te rodeiam.
Em troca, que fizeste de
útil? Não restituíste ainda à Natureza a mínima parcela de teu débito imenso.
Acreditas, porventura, que o centro do mundo repousa em tuas necessidades
individuais e que viverás sem conta nos domínios da Criação? Produze algo de
bom, marcando a tua passagem pela Terra. Lembra-te de que a própria erva se
encontra em serviço divino. Não permitas que a ociosidade te paralise o coração
e desfigure o espírito!...
O moço, espantado, passou a
ver o desfile dos animais que havia devorado e, sob forte espanto, acordou...
Amanhecera. O Sol de ouro
como que cantava em toda parte um hino glorioso ao
trabalho pacífico.
Levindo escapou da cama,
correu até à genitora e exclamou:
— Mãezinha, arranje-me
serviço! arranje-me serviço!...
—Oh! meu filho — disse a
senhora num transporte de júbilo —, que alegria! como estou contente!... que
aconteceu?
E o rapaz, preocupado,
informou:
— Nesta noite passada, eu vi
a conta da vida.
Daí em diante, converteu-se
Levindo num homem honrado e útil.
A conta da vida - Alvorada
Cristã - Francisco Cândido Xavier - Espírito Neio Lúcio
Nenhum comentário:
Postar um comentário