SEMEANDO CONHECIMENTO

SEMEANDO CONHECIMENTO... PARA COLHER AMOR, PAZ, ALEGRIA!


APRENDER PARA FAZER MELHOR ! E NÓS PRECISAMOS FAZER UM MUNDO MELHOR. SABEM PORQUE? PORQUE VOLTAREMOS PRA CÁ...

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"MAS, TENDO SIDO SEMEADO, CRESCE." Jesus. (Marcos, 4:32.)


CHICO XAVIER - VIVÊNCIA C0M O MUNDO ESPIRITUAL

P – Depois desse primeiro contato, como é que aconteceu a continuidade do
fato?
R – Passados alguns meses, minha mãe adoeceu, mas adoeceu gravemente, e
como meu pai estava desempregado ela se preocupou com a nossa sorte, no
caso de ocorrer o falecimento dela. Passou a perguntar às amigas, quais delas
poderiam se incumbir do zelo de que nós necessitávamos. As vésperas da
partida da minha mãe, ela se sentindo muito mal, começou a chamar as amigas
e a entregar os filhos, que eram oito dos quais eu era o penúltimo. Quando
chegou a minha vez – eu estava com cinco anos – perguntei a ela:
– “Mas minha mãe, a senhora está me entregando para os outros?”
“Então, ela me disse: – Meu filho, eu não estou entregando você para os
outros. Quero que você saiba que vou me ausentar daqui” – naturalmente ela
dizia isso prevendo a morte próxima – “e seu pai está em dificuldade. Estou
confiando seus irmãos para as amigas zelarem por eles, porque seu pai, no
momento, não pode dispensar a atenção que vocês precisam. Você vai ficar
com a nossa amiga dona Ritinha e vai gostar muito dela. Ela será muito boa e
eu volto para buscar você”.
Naturalmente, sentindo que meu pai, muito moço ainda, necessitaria,
provavelmente, de um segundo casamento, como, realmente,aconteceu, ela
acrescentou :
– “Se eu não puder vir mais depressa, enviarei uma moça que possa ajudar a
vocês. Mas se alguém disser que eu não volto mais, que eu estou morta, não
acredite porque eu voltarei.”
P – Que mulher sensacional, Chico. Como era o nome dela?
R – Maria João de Deus.
P – Maria João de Deus, um nome adequado para uma pessoa que encaminha
um filho para suportar a perda de u’a mãe. É u'a mulher extraordinária e só
podia ter um filho maravilhoso como você.
R – Bondade sua, Hebe.
P – Agora, Chico, você começou com essas manifestações com 4 anos, depois
com 5 anos a segunda. E qual foi a atitude, por exemplo, dos sacerdotes
católicos, com relação ao que você lhes confiava nas confissões?
R – Acompanhei, então, essa senhora, para a residência dela. Ela possuía um
sobrinho, um rapazinho de treze anos, e passei a conviver com a família. O
casal não tinha filhos, além desse sobrinho e filho adotivo. Essa senhora era
excepcionalmente bondosa, mas, no meu caso, ela sentia uma certa
necessidade de me surrar, vamos dizer assim.
P – A Dona Ritinha?
R – A dona Ritinha. Esse sobrinho inventava coisas e eu achava que o menino
era incapaz de inventar qualquer intriga. Então eu atribuía tudo aquilo ao 10
capeta, porque minha mãe era muito católica e todas as noites nos ensinava
orações, nos ensinava a orar com ela, os nove filhos de joelhos. Certa feita, era
uma tarde, seis meses depois do falecimento da minha mãe – essa senhora,
que me acolhera, tinha o hábito de passear às tardes com o esposo e o
sobrinho, e eu ficava com a moça que ajudava na cozinha – eu me dirigi para
umas bananeiras, ajoelhei-me e comecei a orar, repetindo as orações que
minha mãe me ensinara, porque aquela senhora me dava muitas vezes três
surras por dia e eram surras de vara de marmelo.
P – Mas que coisa!
R – O menino criava os problemas, eu não podia me defender e no meu
intimo, já que eu não o via a fazer aquilo que ele fazia, eu acreditava que ele
era de boa índole e atribuía tudo ao demônio.
P – Você acreditava que ninguém pudesse fazer mal, porque você não era
capaz de fazê-la!
R – Eu não acreditava que ele pudesse fazer e então apanhava de manhã,
apanhava ao meio-dia e apanhava à tarde.
P – Tinha hora certa para apanhar!
R – Tinha tanta hora certa que de manhã, quando a moça, na cozinha, me
falava: – “Chico, venha tomar café”, eu dizia: – “por enquanto, não, eu vou
esperar a minha madrinha levantar, para me bater primeiro".
P – Que judiação, meu Deus!
R – Antes da surra fatal eu não sentia o gosto do café. Então, esperava
apanhar, porque, depois do couro...
P – Aí já sabia que podia tomar o café.
R – ...eu já sabia que podia tomar café.
P – Até o meio-dia.
R – Até o meio-dia.
P – Mas que coisa!
R – Então, uma tarde, minha mãe me apareceu e começou a conversar
comigo. Respondi logo:
– “Ah! mas a senhora demorou.? Por que a senhora nos deixou tanto tempo?”
Para mim não havia dificuldade.
P – Quantos anos tinha?
R – Cinco anos. Não havia dificuldades no meu cérebro, não havia dúvida
filosófica, não havia discussão religiosa, e admitia o fato de minha mãe estar
vivendo porque ela me dissera que voltaria. Aí, falei com ela:
– “A senhora não sabe como estamos lutando”.... Minha mãe prosseguiu:
– "Meu filho, no local onde estou, uma enfermeira me informou que você está
querendo se queixar das surras, mas você deve apanhar com calma, porque
isso vai lhe fazer muito bem.“ 11
– “Leve-me com a senhora mamãe! Não me deixe mais aqui!...” foi o que
roguei.
– “Agora não posso, porque vou para o hospital, não é?"
Quando a minha madrinha chegou, às oito horas da noite, de volta à casa, que
eu contei que minha mãe tinha vindo, com aquela euforia, ela achou que eu
havia enlouquecido e, então, apanhei mais ainda.
P – Mas que coisa!
R – No outro dia, minha mãe tornou a aparecer e disse:
– “Eu não quero que você minta, mas você não precisa dizer que eu estou lhe
aparecendo.”
De minha parte respondi: – “Mas estou apanhando muito! Olhe a minha pele
como está!”
– “A sua madrinha é sua instrutora” – disse ela – “você deve gostar muito
dela.”
P – Você conseguia gostar dela?
R – Quando criança temia a madrinha, ao invés de estimá-la. Mas, quando a
idade foi chegando, compreendi o bem que ela me fez...
P – Não era muito boa para você, mas era bondosa para muita gente?
R – Sim, ela era muito boa pessoa, mas seria talvez nervosa ou muito doente,
em certas horas...


 Entrevista realizada por Hebe Camargo, a 17 de setembro de 1973, no Horto Florestal Paulistano, para o seu programa da TV Record, Canal 7, São Paulo.

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