No princípio do mundo,
quando os vários reinos da Natureza já se achavam apaziguados e enquanto o ouro
e o ferro repousavam no sub-solo, o homem, os animais de grande porte, os
passarinhos, as borboletas, as ervas e as águas viviam na superfície da
Terra... E o Supremo Senhor, notando que os serviços planetários se desdobravam
regularmente, chamou-os ao seu Trono de Luz, a fim de ouvi-los.
A importante audiência do
Todo-Poderoso começou pelo Homem, que se aproximou do Altíssimo e informou:
— Meu Pai, o globo terrestre
é nossa gloriosa oficina. Minha esposa, tanto quanto eu, se sente muito feliz;
entretanto, experimentamos falta de alguém que nos faça companhia, em torno do
lar, e nos auxilie a criar os filhinhos.
O Todo-Misericordioso mandou
anotar a referência do Homem e continuou a ouvir as outras criaturas.
Veio o Boi e falou:
—Senhor, estou muito bem;
contudo, vagueio sem descanso durante as horas de sol. Grande é a minha fadiga
e a resistência cada vez menor...
Veio o Cavalo e reclamou:
—Eu também, Grande Rei,
sinto aflitivo calor cada dia...
Aproximou-se a Corça e
rogou:
—Poderoso, estou exposta à
perseguição de toda gente. Não terei a graça de um ser amigo que me proteja e
defenda?
Logo após, surgiu gracioso
passarinho e suplicou:
—Celeste Monarca, recebi a
bênção da vida, mas não tenho recursos para fazer meu ninho. Nas pastagens
rasteiras, não posso construir a casa...
Adiantou-se a Borboleta e
implorou:
—Meu Deus, tudo é belo no
mundo; todavia, onde repousarei?
Em último lugar, chegou o
Rio e disse:
—Grande Senhor, venho
cumprindo os meus deveres na Terra, escrupulosamente, mas preciso de alguém que
me ajude a conservar as águas...
O Supremo Soberano ficou
pensativo e prometeu providenciar.
No dia imediato, toda a
Terra apareceu diferente. As árvores robustas e acolhedoras haviam surgido,
representando a sublime resposta de Deus.
A lenda da árvore - Alvorada
Cristã - Francisco Cândido Xavier - Espírito Neio Lúcio
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